Paróquia São Marcos - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro -----------------------------------------------Reuniões todos os domingos após a missa de 18h

terça-feira, 14 de junho de 2016

Sálvio Huix, um seguidor de S. Filipe

Durante a Guerra Civil Espanhola, vários membros da Congregação do Oratório de São Felipe Neri deram a vida para testemunhar sua fé em Deus. Entre as vítimas daquela onda de violência que investiu sobre a Espanha depois do estouro da Guerra Civil em julho de 1936 encontramos também o bispo oratoriano Sálvio Huix Miralpeix de Lérida (hoje Lleida).



Infância

Nasceu aos 22 de dezembro de 1877 em Santa Maria Margarida de Vellors na diocese de Vic, na região da Catalunha, cerca de setenta quilômetros ao norte de Barcelona, Espanha. Seus pais provinham de ilustres famílias locais de longa tradição de fé que haviam dado sacerdotes à Igreja.

Sálvio cresceu numa atmosfera doméstica onde a fé em Deus e o amor à Igreja e ao Papa eram naturais e espontâneos. Sua família era proprietária de uma ampla fazenda agrícola, uma antiga casa catalã, da qual fazia parte também uma capela dedicada à Nossa Senhora do Carmo.

Nutrido por este espírito de religiosidade bem cedo Sálvio amadureceu a decisão de se tornar sacerdote. Seguiram-se quatorze anos de estudos (1889-1903) no Seminário menor e maior de Vic, onde Huix se exercitou ainda muito jovem a uma vida de oração, de escuta da vontade de Deus, de obediência incondicionada, de estudos e de apostolado. O seminarista Sálvio era um aluno modelo, que não se esforçava só em cumprir formalmente o seu dever de estudar, mas sobretudo procurava amadurecer interiormente, para se preparar melhor ao serviço das almas.

Sacerdote

Sálvio Huix tinha quase 26 anos quando, em 19 de setembro de 1903, o Bispo Torrás y Bages o ordenou sacerdote. De início, seu Bispo fez dele o capelão em diversas paróquias da Diocese, onde Sálvio se prodigalizou no anunciar às gentes o Cristo crucificado e ressuscitado e no reconduzir os homens, por meio dos sacramentos da Igreja, a uma sempre mais profunda relação com Cristo.

Naqueles tempos a Congregação do Oratório de São Felipe Neri de Vic, fundada em 1723 e ainda hoje existente, era um famoso centro de espiritualidade, cuja obra de apostolado abrangia um raio de ação que ia muito além da cidade de Vic. A Congregação do Oratório - comunidade de sacerdotes seculares sem votos particulares - é uma sociedade de vida apostólica de direito pontifício, que se propõe servir a vida apostólica da Igreja unindo ação e contemplação. Padre Adjutório, um tio de Sálvio, fora membro desta Congregação do Oratório, e o povo dos fieis de Vic conservava dele uma boa lembrança até hoje.

Aos poucos, amadureceu em Huix a decisão de querer trabalhar por Cristo “até a morte”. A vida no Oratório parecia-lhe como um pressuposto ideal para se dedicar intensamente aos cuidados das almas e assim, com a idade de trinta anos, pediu para ser aceito no Oratório de Vic. Após quatro anos de experiências pastorais em diversas paróquias, Sálvio Huix começou, portanto, a fazer parte da Congregação do Oratório de Vic, na qual teria prestado sua obra pelos vinte anos sucessivos. Férvido imitador de são Felipe Neri, Sálvio passava diversas horas do dia confessando. Bem cedo seu talento na direção das almas fez dele um dos confessores e diretores espirituais mais requisitado da cidade, procurado, sobretudo pelos jovens e pelos homens. Exercitava seu serviço com paciência, sabedoria e espírito paterno.

Naquele tempo, os oratorianos costumavam levantar às quatro e meia da madrugada (aos domingos e dias festivos às quatro), e depois de uma hora de meditação sentar no confessionário para ficar a disposição dos fieis. Confessavam até a hora do almoço, sem interrupção exceto quando houvesse de celebrar a Missa. De tarde e à noitinha dedicavam outra hora à meditação, e depois confessavam ainda por diversas horas. Não satisfeito, padre Sálvio empregava as poucas horas livres que lhe restavam na visita aos doentes, receber lições no seminário ou despachar as incumbências em nome da Congregação do Oratório. Seu lema era: “Dormir pouco, orar muito e dedicar-se sempre ao serviço das almas”.

Em Vic era famoso por ter conseguido reconduzir aos caminhos da fé alguns dos grandes pecadores; pessoas que haviam dado as costas à Igreja.

Diretor de Congregações Marianas

Sua excelente fama de confessor e grande diretor espiritual dos jovens fez com que em 1919 padre Sálvio fosse nomeado diretor das Congregações Marianas de Vic e dois anos depois Diretor Geral para toda a Catalunha – algo como um Diretor de Federação.

Em 1923 organizou as celebrações para a coroação pública da imagem de Nossa Senhora na planície de Vic. Naqueles anos fundou também a Congregação da Puríssima Virgem Maria e de São José, para conduzir os jovens pais de famílias a um mais profundo amor a Cristo e a Igreja.

Bispo

Os talentos do jovem padre oratoriano não demoraram a ser notados pelo Bispo de Vic, que lhe confiou a formação espiritual dos seminaristas. Por vinte anos, padre Sálvio foi docente no seminário de Vic, onde ensinava Ascética e Mística. Deste modo contribuiu na formação de uma geração inteira de sacerdotes.

Era Prepósito do Oratório de Vic, quando em 1927 foi nomeado Administrador Apostólico de Ibiza. Padre Huix deixou Vic entre lágrimas dos seus filhos espirituais e foi sagrado Bispo aos 15 de abril de 1928, escolhendo como seu lema as palavras do apóstolo Pedro: In verbo tuo laxabo rete (“Na tua palavra lançarei a rede”, Lc 5, 5 – em Latim). Seu lema de Bispo mostra claramente a prioridade que ele daria ao seu ministério: ser entre os homens um verdadeiro sucessor dos apóstolos e um bom pastor da Igreja. Ao centro de seus esforços estavam: o seminário, o clero, a Ação Católica, a organização dos exercícios espirituais, a devoção ao Santíssimo Sacramento e à Virgem Maria.

Apóstolo Mariano

Pela sua grande devoção a Nossa Senhora, Huix era chamado “o Bispo mariano”. Por quanto se refere ao clero, o Bispo Huix se esforçou para melhora as condições materiais e espirituais dos seus sacerdotes. Sempre e por toda parte tentou faze com que os homens se apaixonassem por Cristo.

Voltando de uma viagem “ad limina apostolorum” a Roma trouxe para cada um dos seus sacerdotes uma cópia do novo catecismo do cardeal Pedro Gasparri. Ao voltar o Bispo escreveu uma carta, onde exortava os seus diocesanos a serem firmes na fé:

Nós nos sentimos... renovados e com firmados na fé, e fielmente legados ao Santo Padre por meio de um amor filial... prontos a uma fidelidade ainda maior, a uma fidelidade que nos anima até a morte e, se necessário, com a ajuda da Graça divina, até o martírio”. 1



Somente poucos anos depois teria demonstrado concretamente sua fidelidade a Cristo, seu amor a Deus, que o fazia pronto também para o martírio.

A Guerra

No mês de setembro de 1923 o general Miguel Primo de Rivera (1870-1936) assumiu o poder na Espanha – com explícito beneplácito do monarca, rei Afonso XIII. A ditadura, porém faliu e, após a vitória dos republicanos, Afonso XIII renunciou ao trono. Dia 14 abril de 1931 se formou um governo republicano provisório.

As relações entre a Igreja Católica e o governo republicano tornaram-se logo difíceis. No dia 11 de maio de 1931 foram incendiados alguns conventos a Madri, Valença, Sevilha e outros lugares da cidade, e o conflito entre a Igreja e o Novo Regime recrudesceu. Alguns bispos “incômodos” foram exilados, a nova constituição limitou grandemente os direitos da Igreja, algumas ordens religiosas entre as quais os jesuítas, foram proibidas, os cemitérios foram secularizados, foi introduzido o divórcio e os crucifixos pendurados nas salas de aulas foram retirados. Os protestos da parte dos exponentes da Igreja aumentaram por causa deste regime de persecuções.

No dia 28 de janeiro de 1935 Sálvio Huix Miralpeix foi nomeado Bispo da diocese de Lérida, na Catalunha. Durante o breve período de tempo que lhe foi concedido para ficar lá, o novo bispo procurou fortalecer a Ação Católica e difundir a devoção ao Santíssimo Sacramento. Poucas semanas antes do estouro da Guerra Civil conseguiu ainda celebrar algumas Jornadas Eucarísticas, para fortalecer em sua diocese a fé na presença real de Jesus Cristo no Sacramento do altar. Uma das suas últimas fotografias mostra-o em companhia dos alunos no jardim do Seminário.

As eleições de fevereiro de 1936 apontaram como vencedor a Frente Popular (o partido de Esquerda), que passou para um ataque que já manifestava as formas de uma autêntica perseguição religiosa. Em apenas seis semanas verificaram-se 199 roubos e agressões, das quais 36 ocorridas no interior das igrejas; contaram-se 178 incêndios, 106 dos quais atingiram algumas igrejas; outras 56 igrejas vieram devastadas e saqueadas.

Dia 18 julho de 1936 o Exército e os nacionalistas se uniram para combater esta revolução marxista, dando início à Guerra Civil Espanhola2 .

A maioria dos bispos, sacerdotes e crentes em geral aderiu aos nacionalistas. Como resposta, o dia depois da insurreição dos militares se desencadeou, em todas as partes do país controladas pelas forças republicanas, uma guerra de represália contra os sacerdotes. O conflito custou à igreja da Espanha um forte tributo de sangue.

Mártir

No dia 16 de julho de 1936 o bispo Huix celebra a festa de Nossa Senhora do Carmo na capela da propriedade de sua família. Até 21 de julho, quando os republicanos tomaram de assalto a cúria de Lérida, ainda conseguiu continuar sua obra apostólica na diocese. Depois aceita, a contragosto, fugir para se refugiar em casa de alguns conhecidos, principalmente para salvar os seus colaboradores. Quando, porém, toma conhecimento dos riscos a que se expõem seus protetores, abandona secretamente seu esconderijo na noite de 23 de julho e se apresenta aos guardas declarando sua identidade.

Aprisionado com os outros presos, partilha com eles os sofrimentos da prisão e as secretas alegrias da oração e dos sacramentos, confessa às escondidas os condenados a morte e dá-lhes a Comunhão Eucarística. Todos estes homens morreram depois sob o chumbo do pelotão de execução. Por causa da fé deles e dos seus empenhos, não menos de 4184, entre sacerdotes e seminaristas, 2365 frades e 283 freiras foram assassinados, depois de terem sido caçados como animais. Somente na diocese de Lérida foram mortos 270 sacerdotes, sobre um total de 410.

Na manhã do dia 5 de agosto - festa de Nossa Senhora das Neves, padroeira de Ibiza - os prisioneiros foram acordados às três e meia da madrugada. Fora-lhes dito que seriam levados para Barcelona, mas poucos quilômetros depois o comboio parou ao cemitério, e foi claro que foram levados até ali para serem fuzilados. Ao surgir do sol, o bispo deu a todos a absolvição e pediu aos algozes de ser morto por último, a fim de abençoar até o fim seus companheiros de martírio. Este último desejo foi-lhe concedido, como testemunhou depois um dos seus algozes. Até a morte, portanto, o bispo de Lérdia permaneceu autêntico pastor de seu rebanho. Assim se cumpriu o que escrevera anos antes aos seus diocesanos: “Com a ajuda da Graça divina, queremos permanecer fieis a Cristo até o martírio”. Antes de ser preso havia entregue sua cruz de bispo a um dos seus conhecidos, pedindo-lhe de enviá-la ao Santo Padre, assegurando-lhe de sua fidelidade à Igreja, pela qual se sentia disposto a dar a vida.

Beatificação

Poucos anos depois da morte violenta do bispo Huix, a diocese de Lérida fez-se promotora de um processo de beatificação. Dia 27 de junho de 1952 foi entregue o decreto super scriptis. Dia 9 de junho de 1955 a Congregação pelas Causas dos Santos confirmou a validade do inquérito informativo. Por fim, em 1998 pôde ser promulgada a positivo sobre as virtudes do bispo mártir. Dia 27 de junho de 2011 papa Bento XVI autorizou a Congregação pela Causa dos Santos a reconhecer por decreto o martírio do bispo Sálvio Huix Miralpeix. Como se lê no decreto, o bispo foi assassinado “por ódio à fé”.

A beatificação do bispo oratoriano e de outros 521 mártires se deu no dia 13 de outubro de 2013 em Tarragona, Espanha.



Sálvio Huix, um apóstolo mariano que soube utilizar as Congregações Marianas para seu apostolado pelo bem das almas e da Igreja serve de exemplo para os sacerdotes e bispos de hoje. Mais um Congregado mariano nos altares, tanto pelo sangue derramado por Cristo quanto pelo zelo em levar os corações ao amor à Virgem Mãe de Deus.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O Ultimo angelus em publico do 24º Papa Congregado Mariano"



“No final dessa semana espiritualmente tão densa, permanece somente uma palavra: obrigado, obrigado a vocês por esta comunidade orante em escuta, que me acompanharam esta semana. Obrigado principalmente ao senhor, eminência, por essas caminhadas tão belas no universo da fé e no universo dos salmos. Ficamos fascinados pela riqueza, profundidade e beleza desse universo da fé e estamos gratos porque a palavra de Deus nos falou de modo novo, com nova força.”

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

BENTO XVI - Papa Congregado



DISCURSO DO PAPA BENTO XVI
AOS MEMBROS DA CONGREGAÇÃO MARIANA
 MASCULINA DE REGENSBURG
Sábado, 28 de Maio de 2011

Estimado Senhor Presidente
Queridos membros!

Um cordial «Vergelt’s Gott» [«Deus vos recompense»] pela vossa visita, pelo dom, pelo facto de terdes tirado da gaveta uma data esquecida da minha vida. De facto, trata-se de uma data que não é simplesmente «passado»: a admissão na Congregação mariana olha para o futuro, e nunca é simplesmente um facto que já se verificou. Eis que, ainda depois de 70 anos, esta data pertence ao «hoje», uma data que indica o caminho para o «amanhã». Estou-vos grato por terdes «recordado» esta data e por isto me sinto feliz. Agradeço-lhe de coração, estimado Presidente, as suas gentis palavras que saíram do coração e vão ao coração. Naquela época eram tempos obscuros — havia a guerra. Hitler tinha submetido um depois do outro a Polónia, a Dinamarca, os Estados do Benelux, a França e em Abril de 1941 — precisamente naquela época, há 70 anos — tinha ocupado a Jugoslávia e a Grécia. Parecia que o Continente estava nas mãos deste poder que, ao mesmo tempo, punha em questão o futuro do cristianismo. Nós tínhamos sido admitidos na Congregação, mas pouco depois começou a guerra contra a Rússia; o seminário foi destituído e a Congregação — antes de se ter reunido, antes que se conseguisse reunir — já tinha sido dispersa aos quatro ventos. Assim, isto não entrou como «data exterior» da vida, porque desde sempre foi claro que a catolicidade não pode existir sem uma atitude mariana, que ser católico significa ser mariano, que isto significa o amor à Mãe, que na Mãe e pela Mãe encontramos o Senhor.
Aqui, através das visitas «ad limina» dos bispos, experimentamos constantemente como as pessoas — sobretudo na América Latina, mas também nos outros continentes — se podem confiar à Mãe e, através da Mãe, depois, aprendemos a conhecer, a compreender e a amar Cristo; experimento como a Mãe continua a dar à luz o Senhor no mundo, como Maria continua a dizer «sim» e a levar Cristo ao mundo. Quando estudávamos, depois da guerra — e penso que hoje não mudou muito, não penso que a situação melhorou muito — a mariologia que se ensinava nas universidades alemãs era um pouco austera e sóbria. Contudo penso que nela encontramos o essencial. Naquela época, orientávamo-nos para Guardini e para o livro do seu amigo, o pároco Josef Weiger, «Maria, Mutter der Glaubenden» (Maria, Mãe dos crentes), o qual se inspira nas palavras de Isabel: «Bem-Aventurada és tu, que acreditaste!» (cf. Lc 1, 45). Maria é a grande crente. Ela reuniu a missão de Abraão na fé em Jesus Cristo, indicando assim a todos nós o caminho da fé, a coragem de nos confiar àquele Deus que se entrega nas nossas mãos, a alegria de ser suas testemunhas; e depois a sua determinação a permanecer firmes quando todos fugiram, a coragem de estar da parte do Senhor quando Ele parecia estar perdido, e precisamente desta forma prestar aquele testemunho que levou à Páscoa.
Por conseguinte, estou feliz por ouvir que na Baviera existem 40 mil membros; que ainda hoje existem homens que, juntamente com Maria, amam o Senhor e, como ela, dão testemunho do Senhor nos momentos difíceis e felizes; que estão com Ele, aos pés da Cruz e que continuam a viver jubilosamente a Páscoa com Ele. Agradeço portanto a todos vós porque mantendes alto este testemunho, porque sabemos que há homens católicos bávaros membros, que percorrem este caminho aberto pelos Jesuítas no século XVI, e que continuam a demonstrar que a fé não pertence ao passado, mas abre sempre a um «hoje» e, sobretudo, a um «amanhã».
«Vergelt’s Gott für alles» [Deus vos recompense por tudo], e Deus abençoe todos vós! Obrigado de coração.

Fonte:
© Copyright 2011 - Libreria Editrice Vaticana

Agradecimento: Rodnei Junior cm